sábado, 29 de junho de 2013

Adeus

Venho me despedir. Adeus, adeus aos dias vividos juntos (mas acho que não
compartilhados);
Adeus aos momentos que foram de verdade (mas eram frágeis demais);
Adeus à vontade de pensar à frente;
Adeus ao companheirismo (quanto tempo ele durou?);
Adeus à admiração (pra algumas coisas ela vai ficar);
Adeus à vontade de conhecer (me forcei a me despedir dela);
Adeus ao faz-de-conta. Que bom pra nós.

quinta-feira, 20 de junho de 2013

Cinto de segurança

O medo que dá é de não conseguir confiar em mais ninguém, em nenhuma palavra
dita em qualquer situação, principalmente as que almejam ser acreditadas. Essas
estão com os dias contados. Ninguém pode ser tão intenso, tão apaixonado,
tão revoltado, tão pacífico, tão tão. Não use as palavras pra te explicar, um
amigo já dizia "O importante não é o que você diz, mas sim os atos que por
esses dizeres são justificados". Não adianta, a língua paga pela nossa cabeça.
O medo que dá é de soltar o cinto de segurança, por mais que pareçamos bobos de
nos apegarmos tanto a ele. A questão do cinto é de auto-defesa, claro; o arremesso
é maior sem ele. Mas a aventura também. O frio na barriga, a diversão, a liberdade.
Me fizeram acreditar que eu deveria soltar o cinto. Quando estava quase apertando
o botão -a mão já estava perto, já tinha esticado mais o cinto pra poder alcançá-lo-
veio a freada. Como eu estava distraída, acabei me machucando um pouco, acontece.
Mas não considero que tenha soltado o cinto. Segurança em primeiro lugar. Por
enquanto.

quarta-feira, 19 de junho de 2013

Vende-se peixe

E esse medo de si mesmo, de onde vem? É ruim se sentir vivo às vezes, quando dói.
E geralmente dói. A gente não consegue mais aproveitar
a própria companhia? Quando era criança fazia isso tão bem,
eu era minha melhor companhia. Talvez fosse uma pessoa pior, mas
não doía tanto, pelo menos. As pessoas têm direito de chegar, ocupar dias da nossa
preciosa e curta vida, e depois saírem, quando cansaram de brincar? Deveria eu
também brincar mais? Tenho medo da seriedade das coisas, mas tenho mais medo
ainda das brincadeiras. Promessas têm sido feitas com uma facilidade nunca
antes vista; pelo menos nunca imaginada por mim, no mundo dos adultos. Dias têm
sido ocupados por outras vidas, deixando as nossas de lado pra absorver o que
vivem outras pessoas. Isso é bem sério. Tem gente que brinca de se
compartilhar. Mas quando a contrapartida não existe, é hora de desconfiar, dá
pra perceber quem gosta de se compartilhar mas não de doar seus dias à vida do
outro. De perto, a vida de ninguém é interessante de verdade. O que convence é
como a gente vende ela pros outros. Ou compartilha, como preferir.

Tudo doeu

Ahh, como poderei ser culta, ou pelo menos menos ignorante. As leituras vão
rechear meus dias, e serão leituras de alto nível- mas claro, um passo de cada
vez. Poderei desencostar da parede o violão que guarda horas e horas de diversão
entre amigos, apresentações informais, e no futuro, apresentações mais sérias, tudo
ali, latente. Primeiro caminhada, depois aperta um pouco, passa pra corrida,
bicicleta sempre, talvez escalada (se eu conhecer um pessoal desses bacaninhas
que sempre escalam). Aquelas celulites nunca mais, elas estão aqui por puro
relaxo meu. Mas isso vai mudar, já já. Serei tão completa, interessante, ativa,
viverei tão intensamente. Mal posso esperar. Aliás, conheci um carinha esses dias.
Ele é bem bonito, engraçado, todo seguro de si. Conversamos e rimos bastante,
ele pareceu perceber o quão legal eu posso ser. Ele tem me mandado umas mensagens,
estou respondendo mas já tô até vendo, o cara vai se apegar. Nessas duas semanas,
a gente se viu e dormimos juntos todos os dias. Ele é legal, até. Quer que eu
conheça a mãe dele. Comentei com um pessoal que estou com alguém, só pros mais
chegados e pros que a tensão é maior (eternos ex-casos). Hoje ele não mandou
mensagem ainda. Será que meu celular está com problema? Eu mando então, só
pra não quebrar a rotina. Hoje ele não me chamou de linda, como sempre. Eu o chamo
então. Hoje eu percebi que esqueci como é ser solteira. Gostei. Hoje o medo de
não estar agradando bateu mais forte. Pensei em tudo, passou. Hoje ele voltou
a ser um carinha qualquer que eu conheci num dia qualquer. Doeu.

Eu, eu, eu, eu...

Fui liberta quando me libertei de ser o que queriam que eu fosse,
apesar de terem me conhecido quando eu era eu mesma, e gostarem disso.
Sabe, eu gosto de ser eu. E me parece que consigo agradar. Às vezes
esse meu eu me sabota e acha que é melhor tentar agradar aos outros
sendo o que eles querem que eu seja, mas isso não tem como dar certo,
eu já sei disso. Então, deixem de ser egoístas e fiquem com o eu
que conheceram e quiseram a companhia, isso é o melhor que posso dar,
acredite.

sexta-feira, 14 de junho de 2013

Estado de espírito

Quem nunca soube o que é o medo de perder
Mas perder de verdade
E não qualquer coisa
Perder o estado de espírito
Essa brisa efêmera e lancinante
Não sabe o que a vida ainda pode dar

E quem já entendeu
O que um estado de espírito pode fazer
E dar
E proporcionar
Sabe o que vai buscar
Pelo resto da vida

quarta-feira, 12 de junho de 2013

Dias cheios

Se a dependência me é conhecida
não deveria eu remediá-la, ciente de que ela só faz andar? 
Cadê aquele espírito livre, que tudo considerava amarras, e que a nada se amarrava?
Onde está a liberdade de poder ficar só com meus fantasmas, conversar e ter intimidade 
(sem amarrar demais)
a qualquer hora, do jeito que quisesse? 
A magia dos dias vazios, que eu pintava com tons pasteis, só pra dizer que pintei com alguma cor? 
O mergulho no eu, que quanto mais fundo ia, mais perto do nada chegava?
A sedução dos flertes até com as paredes, se elas dessem um sorriso, e que poderia preencher meu dia de vazio?
Me preocupo com o eu amarrado, sem fantasmas, com rotina...
me preocupo de estar gostando tanto dele